Imersão - Exposição Experimental de Filmes VR

Prefácio

Os filmes de RV (Realidade Virtual), são uma forma de criar vídeos que surgiu nos últimos anos e impactou o mainstream.　Quando o Festival Internacional de Cinema de Veneza, um dos três maiores festivais de cinema do mundo, criou a secção Venice Immersive em 2016, surgiram programas e produções de RV de todo o mundo, marcando o início oficial da era RV.

Ao contrário dos filmes tradicionais que são vistos a partir de um único local, os filmes de RV caracterizam-se pela utilização de tecnologia de filmagem panorâmica, que permite ao público mergulhar num filme a 360 graus, através de um dispositivo de RV montado na cabeça. O enredo subjectivo e passivo, a sensação de imediatismo do som e das imagens que seguem o movimento da cabeça e a sensação de participação e empatia ao ver o filme, elevam-se a um nível totalmente novo, tornando os filmes de RV sinónimo de "experiência imersiva".

Enquanto o equipamento e a tecnologia de filmagem têm impulsionado a evolução da estética cinematográfica, o desenvolvimento a toda a velocidade dos filmes de RV nunca abrandou, com a "RV interactiva" com joystick e funcionalidades opcionais, a "RV de realidade mista" que mistura conteúdos virtuais com realidade em tempo real e a "RV à escala da sala", que enfatiza a sensação de espacialidade e a liberdade de exploração. Estes tipos de novas formas, oferecem uma maior interactividade, tornando-se numa tendência importante para os criadores explorarem as possibilidades do cinema.

"Rebobinar" e "Avançar" - dois botões importantes do videogravador quando se está a reproduzir um filme. Inspiradas por este facto, duas séries de exposições de curta duração, "Rebobinar Macau" e "Olhar em Frente", serão realizadas no espaço de exposições do 3.º piso da Cinemateca・Paixão.. Após a primeira exposição da série "Rewind Macau", "Momentos Congelados - Exposição de Stills de Filmes, por Akimoto Chan", a série "Olhar em Frente", que apresenta obras de vanguarda provenientes do estrangeiro, apresenta a primeira exposição da "Imersão - Exposição Experimental de Filmes em RV", esperando que a sensação cinematográfica imersiva da RV nos permita abrir os olhos e os ouvidos, e ficar hipnotizados pela ilusão de estimular a imaginação das imagens.

A exposição "Imersão - Exposição Experimental de Filmes em RV", regressa ao formato VR360, que privilegia a visualização pura, e apresenta duas obras em RV com estéticas e diálogos diferentes com a realidade:

【2024.2.6 - 2024.3.31】
Chroma 11, uma obra de RV realizada por Tsang Tsui-shan, centra-se na criação/relação simbiótica entre os artistas de dança Aaron Khek Ah Hock e o seu parceiro Ix Wong Thien-pau, e reconstrói no meio de RV, o reencontro de duas pessoas que foram separadas uma da outra, mas que ainda se encontram num estado de realidade virtual. Para além de Chroma 11, a exposição apresenta ainda a curta-metragem Ward 11, um conceito narrativo linear que destaca a transição e a experimentação do trabalho de Tsang da narração cinematográfica tradicional para a RV.

【2024.4.1 - 2024.5.8】
O criador holandês de transmédia Adriaan Lokman utiliza uma estética linear para recriar o dia, aparentemente normal, da protagonista em Flow. Quando a protagonista acorda de um sonho, o movimento das pessoas, o trânsito, a respiração e as rajadas de vento que a rodeiam, aparecem diante dos seus olhos numa série de linhas por vezes concretas, por vezes abstractas. Confundindo realidade e sonho, Flow parece abrir os olhos do espectador para os céus e reaproximá-lo da vida quotidiana em vídeo VR.

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Flow

2023 / Cor / 15' / Sem Diálogos / Países Baixos, França

Realizador: Adriaan Lokmana

2023 Festival Internacional de Cinema de Veneza - Prémio Especial do Júri, secção Imersiva de Veneza

2023 Festival de Cinema BFI de Londres

2023 Festival de Cinema de Kaohsiung

Flow convida-nos a rendermo-nos aos caprichos do vento num dia aparentemente normal, escondendo na sua turbulência uma noite cativante na vida de uma mulher, retratada na dança das correntes de ar.

A interacção de aromas, calor, respiração e rajadas de vento naturais e artificiais, influenciadas por forças invisíveis, torna tangível o imperceptível. Estes movimentos atmosféricos revelam uma sequência de acontecimentos que nos convidam a seguir esta mulher nas suas deambulações, mergulhando-nos num reino feito inteiramente de ar. No entanto, quando a tempestade passa e a mulher acorda do que parece ter sido um sonho, o seu mundo já não é o mesmo.